A revolução das criptomoedas atingiu em cheio o mercado de arte
CryptoKitties, Nyan Cat, artes digitais vendidas por milhões de dólares. O trio acima é fruto de uma tecnologia que ganhou destaque a partir de 2020. Trata-se dos tokens não fungíveis (NFT, na sigla em inglês), tokens criados em blockchain que podem representar qualquer tipo de ativo.
No entanto, a maior parte dos NFTs está ligada ao mercado de arte digital. Outras áreas, como os jogos em blockchain, também contribuíram para aumentar a popularidade da tecnologia. Mas o que são os NFTs e por que essa tecnologia é tão inovadora e lucrativa?
Bens fungíveis e não fungíveis
A sigla NFT, conforme explicado no início do texto, significa token não fungível. A palavra fungível deriva do conceito de fungibilidade, que é dado a um bem que pode ser substituído por qualquer outro de sua espécie.
Por exemplo, imagine alguém que toma R$ 50 emprestado de um amigo. Depois de um mês, essa pessoa devolve o dinheiro. Porém, apesar da quantia ser a mesma, a nota de R$ 50 que foi devolvida não é a mesma que foi emprestada — e nem precisa ser.
Nesse sentido, o dinheiro é fungível, pois uma nota de R$ 50 tem o mesmo valor que outra nota de R$ 50, ou que duas notas de R$ 20 e uma de R$ 10. Por isso se diz que o dinheiro é fungível, pois cada cédula possui o mesmo valor.
Em contrapartida, os bens não fungíveis são únicos. Eles não podem ser substituídos por cópias ou outro bem de mesma natureza. A estátua de Davi, feita por Michelangelo, é um exemplo de bem não fungível. Aquela obra é única em todas as suas qualidades e, portanto, única no mundo.
O que são NFTs
Da mesma forma, os NFTs são tokens cujo valor é único e diferente para cada obra. Esses tokens são criados através do padrão ERC-721, que estabelece um tipo de assinatura única em blockchain. Essa assinatura, por sua vez, é exclusiva de cada token.
Assim, uma imagem em JPEG, um GIF e outros arquivos, como fotos, vídeos, mensagens, arquivos de áudio etc., podem ser marcados como únicos e, assim, terem algo que prove sua originalidade. Os NFTs podem ser emitidos em quantidade única ou fazer parte de uma coleção em que cada token é diferente e exclusivo.
Por serem criados na blockchain, os NFTs possuem todo o seu histórico completo, desde o lançamento até a última negociação. Assim, um comprador pode verificar a autenticidade da obra, bem como se ela está sendo vendida pelo seu legítimo dono. O processo é verificado pela blockchain, eliminando a necessidade de terceiros nessa auditoria.
Portanto, os NFTs podem até ser copiados, mas a obra original é aquela que possui o seu registro na blockchain. Este registro não pode ser fraudado ou copiado de nenhuma maneira.
Uma das primeiras coleções de NFTs foram os CryptoPunks, lançados em junho de 2017 na blockchain Ethereum. Esta coleção, criada pelo estúdio Larva Labs, consiste em 10 mil imagens pixeladas e exclusivas. A maioria são de seres humanos, mas também há 88 zumbis, 24 primatas e 9 alienígenas.
Atualmente, todos os 10 mil CryptoPunks já foram vendidos pelo Larva Labs. Hoje eles são negociados em plataformas secundárias e já registraram forte valorização. De acordo com o Cryptoslam, site que registra vendas de diversos NFTs, os CryptoPunks já acumulam US$ 1,2 bilhão em vendas desde 2017.
Onde adquirir NFTs
Assim como os leilões de arte tradicionais, os NFTs também são negociados em plataformas do tipo. A diferença é que ao invés de fazer um Pix ou transferência bancária, o comprador da obra deve ter uma carteira de criptomoedas para negociá-los.
Assim, se um NFT for criado no Ethereum, ele só poderá ser negociado com a criptomoeda Ether (ETH). O pagamento é realizado por meio de um contrato inteligente que garante a autenticidade da transação e da obra. Essa negociação é feita através de plataformas descentralizadas onde os NFTs são negociados:
Porém, algumas casas de leilões tradicionais estão começando a entrar nesse mercado. A inglesa Sotherby, por exemplo, uma das maiores casas de leilão do mundo, já realizou curadoria de obras em NFTs. A também inglesa Christie’s criou uma coleção de NFTs exclusivos chamada Curio Cards.
Em suma, os NFTs vieram para revolucionar o mercado de arte e de bens colecionáveis. Assim como o dinheiro, o futuro da arte também é digital — mesmo nas galerias mais centenárias do mundo.