Negociação no mercado livre de energia elétrica permite que o consumidor negocie diretamente com as empresas
Os custos com energia elétrica desafiam os brasileiros em meio à alta da inflação e a tentativa de retomada econômica dos setores produtivos. Nesse cenário, o mercado livre de energia pode ser uma alternativa para condomínios e empresas que buscam reduzir o valor da conta de luz.
Segundo dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), o número de consumidores adeptos vem crescendo nos últimos anos. Atualmente, o segmento corresponde a mais de 30% do consumo de energia no país.
Esse mercado é definido como um ambiente de negociações voluntárias, no qual o consumidor pode comprar energia diretamente das empresas geradoras e comercializadoras. Ele tem mais liberdade para negociar condições de contratação, como valor, prazo e flexibilidade.
Entre as vantagens da contratação de energia no mercado livre estão a autonomia do consumidor para realizar a sua escolha, a não incidência da cobrança das bandeiras tarifárias e a possibilidade de economizar — em alguns casos, até 20% — na conta de luz, sendo os resultados observados em curto prazo.
A principal desvantagem é que o ambiente ainda é restrito aos grandes clientes, como condomínios residenciais, corporativos e grandes empresas. Consumidores livres devem ter uma demanda de dois mil quilowatts para negociar a contratação com todos os fornecedores disponíveis.
Já os especiais precisam ter a partir de 500 quilowatts e ser pertencentes ao Grupo A. Também só podem negociar com geradoras específicas, como pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) ou hidráulicas e fontes de energia solar, eólica e de biomassa.
Custos do mercado cativo
No mercado tradicional cativo, a distribuição de energia é realizada por meio da concessionária que atende a região. Os valores das tarifas são aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do setor, e estão sujeitos aos acréscimos previstos pelas bandeiras tarifárias.
A Aneel afirma que o valor da tarifa de energia no mercado cativo é calculado considerando os custos da geração de energia e da transmissão até as unidades consumidoras, além dos encargos setoriais.
Já o sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 como um alerta sobre as condições em que há a geração de energia elétrica. Quanto menos favoráveis, mais cara ela fica e, assim, cabe ao consumidor economizar.
Em 2021, quando o país viveu a pior crise hídrica dos últimos 90 anos, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a conta de luz dos brasileiros foi submetida à cobrança da bandeira vermelha, a mais cara do sistema. Em agosto do mesmo ano, o governo também estabeleceu a bandeira de escassez hídrica, com o valor de R$ 14,20 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) e cerca de 50% mais cara que a bandeira vermelha patamar 2.
Em julho, a Aneel reajustou o valor das bandeiras tarifárias em até 63%. No entanto, os valores ainda não foram percebidos pelo consumidor, pois as contas devem permanecer com a bandeira verde, que não insere cobrança adicional, até dezembro.
Fontes alternativas
O uso de fontes alternativas de energia tem sido cada vez mais considerado pelos brasileiros interessados em baratear a conta de luz. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o país ultrapassou a marca de 16 gigawatts de potência instalada, considerando empreendimentos e residências, em 2022.
Outra expansão observada foi no fornecimento de energia eólica. Com um total de 8,8 mil aerogeradores instalados em 751 parques, a capacidade instalada superou a marca de 20 gigawatts. Os números foram divulgados pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) em outubro do ano passado.
A compra de energia é uma opção para consumo renovável, sem necessidade de painéis fotovoltaicos e alteração da fachada do empreendimento. O boletim de julho da Abraceel mostra que 53% da geração de energias renováveis do Brasil foi voltada para atender ao mercado livre.