A adoção das criptomoedas está avançando rapidamente, como evidenciado por todas as diferentes empresas que passaram a aceitá-las como forma de pagamento. Tudo isso nos mostra que as pessoas estão atentas, e muitas estão conhecendo o mercado cripto mais a fundo.
Mas quem exatamente compõe esse mercado? O Banco Central dos Estados Unidos publicou recentemente um relatório que analisa o bem-estar econômico das famílias do país em 2021. Esse relatório pode nos dar uma ideia da composição do espaço cripto para tentarmos encontrar um padrão da demografia desse mercado.
Uma rápida visão geral
Na superfície, os números podem parecer pequenos. 3% dos adultos utilizaram criptomoedas para compras ou transferências de dinheiro. Desse grupo, 13% não tinham contas bancárias. Particularmente, adultos de baixa renda apresentaram maior probabilidade de usar criptomoedas em suas transações. Em 2021, a maioria dos que detinham criptomoedas o fez para fins de investimento. 12% desses detentores também afirmaram já ter tido ou usado criptomoedas no ano anterior.
Em suma, 11% de todos os adultos que detinham criptomoedas relataram tê-las adquirido para fins de investimento. Apenas 2% adquiriram criptomoedas para usá-las em transações, e 1% usou para enviar dinheiro a familiares e amigos.
Quem faz parte do clube?
A maioria dos detentores de criptomoedas que busca usá-las como ferramentas de investimento é proveniente de contextos de alta renda, tendo a maioria contas bancárias e outros investimentos. Dessas pessoas, 46% declararam ter renda igual ou superior a 100.000 USD, e 26% ter renda inferior a 50.000 USD.
99% — a grande maioria — dos que têm criptomoedas para investimento sem planos de usá-las para transações mantinham relacionamentos com bancos tradicionais. 89% dos investidores não aposentados afirmaram ter pelo menos algumas economias para a aposentadoria.
Entre aqueles que usaram criptomoedas para transações, a história foi um pouco diferente. 6 em cada 10 adultos que usaram criptomoedas para compras relataram renda inferior a 50.000 USD. Enquanto isso, menos de 24% desses usuários relataram renda superior a 100.000 USD. Isso foi mais desenvolvido no estudo, e 13% dos usuários que realizaram transações não tinham conta bancária. 27% desses usuários não tinham cartão de crédito. Isso pode ser comparado com os 6% de adultos sem contas bancárias e os 17% sem cartões de crédito que não usam criptomoedas.
Criptomoedas como a alternativa
O que tudo isso nos diz sobre o espaço das criptomoedas? Ainda que o estudo tenha se restrito aos Estados Unidos, os números nos mostram como a adoção das criptomoedas se concentrou nas pessoas desbancarizadas e desfavorecidas em certos aspectos da vida financeira.
Um ponto fácil de analisar seria o dos investidores de criptomoedas. A partir dos dados da análise do Banco Central americano, podemos ver que a maioria das pessoas que investem em criptomoedas pode bancar o risco. Isso faz sentido, pois ter um cobertor de segurança de alguma forma certamente ajuda a motivar investidores a colocar mais dinheiro em risco. A diferença é notável, particularmente quando vemos o uso que essas pessoas fazem das criptomoedas para transações. A utilidade das criptomoedas é muito menor em seu suporte de renda, o que pode indicar que elas simplesmente não precisam das vantagens oferecidas por seu uso.
Em comparação com os que usam criptomoedas para mais que apenas investimento, podemos ver como a abordagem descentralizada está ajudando as pessoas desbancarizadas. A maior parcela das pessoas que usam criptomoedas para transações seria composta de quem não tem economias para aposentadoria. Completam esse grupo pessoas sem cartões de crédito e contas bancárias.
Também contribuíram para o crescimento na adoção acréscimos contínuos à blockchain e os recursos oferecidos em plataformas de negociação. Por exemplo, é muito fácil hoje em dia converter ETH em BTC, o que facilita transitar de uma blockchain a outra. Outro exemplo seria a Lightning Network, um acréscimo de segunda camada que possibilita microtransações mais baratas e rápidas (como para a compra de um café com criptomoedas).
Faz sentido ver então por que mais e mais empresas estão adotando criptomoedas. O mercado apresenta vitalidade e segue fazendo o que propõe: dar às pessoas controle total sobre o dinheiro delas. Se as pessoas tivessem seu dinheiro quando precisassem, é lógico que o gastariam quando bem entendessem. Portanto, empresas vão querer aproveitar essa oportunidade permitindo pagamentos com criptomoedas.
A descentralização das finanças
Já ficaram para trás os dias em que simplesmente adquirir criptomoedas já seria um processo complexo e cansativo. Desde que você faça a sua pesquisa, conseguir as suas primeiras criptomoedas é uma tarefa muito simples, bastando para isso criar uma conta e escolher uma forma de pagamento para comprar Bitcoin.
Quando o Bitcoin foi lançado, ele veio com a ideia de disseminar riqueza dando às pessoas acesso direto ao dinheiro delas, dispensando toda a burocracia e intermediários no processo de registrar, depositar e até mesmo retirar dinheiro quando alguém bem entendesse. Um subproduto desse modelo descentralizado seria taxas menores graças ao envolvimento de menos instituições. Isso pode ser uma boa motivação para pessoas sem contas bancárias considerarem criptomoedas como alternativa a instituições financeiras tradicionais.