Entenda as diferenças entre os dois termos e os detalhes deste investimento
Os títulos públicos são considerados os investimentos mais seguros em um país. Afinal, o próprio governo garante o pagamento desses títulos. Por conta dessa segurança, esses títulos tendem a ser os mais buscados por investidores em momentos de crise ou instabilidade.
No Brasil, o acesso aos títulos públicos é feito através do Tesouro Direto, plataforma cujo número de investidores ativos atingiu quase 1,6 milhão em julho, segundo dados do Governo Federal. Contudo, qual a diferença entre títulos públicos e Tesouro Direto e em qual deles é melhor investir?
Títulos emitidos pelo governo
Em primeiro lugar, o Tesouro Direto não é um investimento, mas uma plataforma de acesso criada pelo governo em 2002 com o objetivo de facilitar o acesso do investidor aos títulos públicos federais. Antes do Tesouro Direto, apenas investidores institucionais conseguiam adquirir esses títulos.
Os títulos públicos, por sua vez, são o investimento em si. Esses títulos são emitidos quando o governo precisa de recursos, seja para realizar investimentos, seja para pagar outras dívidas. Normalmente, os governos conseguem captar dinheiro através de três formas:
- imprimir mais dinheiro;
- aumentar os impostos;
- contrair dívida.
A primeira forma pode causar aumento de preços e, no extremo, um colapso na economia – algo que o Brasil já viveu nos anos 1980. A segunda não pode ser utilizada indefinidamente e, de maneira idêntica à primeira, é impopular entre os eleitores. Portanto, os governos geralmente optam por contrair dívidas através da emissão de títulos.
Quando um investidor adquire um título público, ele está emprestando dinheiro não a um banco ou empresa, mas ao governo brasileiro. A grande maioria dos títulos públicos é emitida pelo Governo Federal e possui diferentes tipos de remuneração e prazos.
Tipos de títulos
De acordo com o site do Tesouro Direto, os títulos podem ser divididos em três grandes tipos: prefixados, Tesouro Selic e Tesouro IPCA. Os títulos prefixados são aqueles cujas taxas são definidas na contratação do título. Dessa forma, o investidor já sabe quanto de remuneração vai receber no vencimento.
Já nos títulos pós-fixados, a taxa é definida no final do vencimento, de modo que o investidor não sabe quanto receberá. O Tesouro Selic e o Tesouro IPCA são exemplos de títulos pós-fixados.
O Tesouro Selic é um título cujo rendimento é atrelado à taxa básica de juros da economia, ou taxa Selic. Assim, a variação em seu rendimento segue o aumento ou queda na taxa básica.
O Tesouro IPCA também possui seu rendimento atrelado a um indicador, que no caso é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a taxa de inflação oficial. Estes títulos normalmente são compostos de um rendimento prefixado mais a parte do IPCA, que é pós-fixada.
Assim, um título do Tesouro IPCA que rende o IPCA + 5% ao ano significa que o investidor receberá 5% fixos mais a taxa do IPCA do ano. Se o IPCA estiver em 9%, significa que o título renderá 14% no total (9% + 5%).
Os títulos também possuem prazos diferentes de vencimento, o que pode interferir no rendimento. Alguns, como o Tesouro Selic, possibilitam o resgate antes do vencimento sem que o investidor tenha fortes perdas. Por isso ele costuma ser muito utilizado como reserva de emergência, que precisa de liquidez imediata.
Em contrapartida, alguns títulos prefixados e atrelados à inflação podem sofrer desvalorizações no curto prazo. Se o investidor fizer o resgate no vencimento, isso não afetará a rentabilidade, mas pode resultar em perdas caso haja necessidade de fazer um resgate antecipado.
Plataforma Tesouro Direto
Porém, esses títulos necessitam de uma plataforma onde eles possam ser negociados, e é para isso que serve o Tesouro Direto. A plataforma foi criada para facilitar a compra de títulos públicos por parte de pessoas físicas, ou seja, investidores que não são milionários.
A criação do programa partiu do Tesouro Nacional, órgão federal responsável pela emissão de títulos públicos, em parceria com a então Bovespa (atual B3). O programa opera 100% online e permite a compra de títulos públicos por valores a partir de R$ 30,00.
Para utilizar o Tesouro Direto, o investidor precisa escolher uma corretora e abrir uma conta nela, liberando automaticamente a plataforma. Depois, basta depositar dinheiro na conta da corretora, acessar o Tesouro Direto e escolher quais títulos deseja adquirir.
Toda a aplicação e o resgate são feitos através do Tesouro Direto. A custódia dos títulos é realizada pela B3 e não pela corretora. Assim, caso sua corretora venha a falir, seus títulos estarão seguros e poderão ser transferidos para outra corretora através da portabilidade.
Atualmente, a única taxa cobrada no Tesouro Direto é a taxa de custódia na B3, que corresponde a 0,25% ao ano sobre o valor investido. O título Tesouro Selic não cobra taxa de custódia para valores até R$ 10.000,00, enquanto os demais títulos não possuem isenção.
Por fim, os títulos públicos possuem incidência de imposto de renda que diminui conforme aumenta o tempo de investimento. Esta alíquota começa em 22,5% para o prazo de até 180 dias de investimento. Após dois anos, a alíquota do Imposto de Renda cai para 15%, que é o piso da cobrança de imposto.