Um assunto pouco comentado é a saúde mental dentro dos esportes. É muito comum ver os atletas sendo altamente cobrados antes mesmo de eventos esportivos importantes, como as Olimpíadas de 2020, realizadas em Tóquio. No entanto, muitos espectadores esquecem de pensar em algo: os atletas também são humanos.
Analisando de perto, Adriana Maria Mota que é fã das olimpíadas, se vê impactada pela superação dos esportistas em seu maior momento de pressão e alta competitividade.
Todos nós estamos propensos às falhas. Ainda que eles precisem treinar por vários anos para se preparar, há muitos fatores envolvidos, principalmente a pressão por parte dos fãs, dos patrocinadores e dos técnicos. Sendo assim, o assunto precisa ser mais difundido para melhorar a situação.
Depressão: o monstro entre os atletas
Uma das principais doenças que acabam por afetar os atletas é a depressão. Ela é caracterizada como um transtorno afetivo, que apresenta como principal características a tristeza, bem como uma intensa sensação de solidão. Em grande parte dos casos, acaba sendo acompanhada por angústia extrema.
As pessoas que são acometidas pelas depressão acabam por se sentir em um estado melancólico profundo. Mesmo que a doença seja vista como psicológica, não é apenas a mente a região afetada. O físico também pode ser gravemente danificado, exigindo uma atenção por parte de profissionais e de quem sofre com a doença.
Ainda hoje, com tanta informação que nos rodeia, ainda há quem desdenhe da situação ou simplesmente não acredita que a depressão exista. A formação desse preconceito, bem como seu fortalecimento, acaba tornando as pessoas ainda mais frágeis, precisando encarar o problema de forma solitária.
Mais uma das grandes características da depressão está relacionada com os períodos em que um único indivíduo começa a desenvolver pensamentos destrutivos. Isso vai reduzindo a sua autoestima, fazendo com que o psicológico seja destruído de maneira muito rápida e praticamente letal.
Sintomas da depressão
Infelizmente, na atualidade, é muito comum ver uma grande parcela da população, principalmente jovens, sofrendo com os sintomas da depressão. Isso acontece, principalmente, por causa da alta exposição às redes sociais e da falta de medição das palavras de quem enxerga a situação por fora, sem empatia alguma.
A verdade é que os sintomas da doença não afetam unicamente a nossa cabeça, mas também o corpo. Quanto mais o cérebro for prejudicado, mais será difícil para continuar a batalha diária de sobreviver. Isso porque a depressão também pode ser ocasionada por traumas ou uma grande expectativa depositada sobre si mesmo.
Ainda assim, os principais sintomas da doença são:
- Dificuldade de sentir felicidade;
- Autocrítica negativa;
- Pensamentos compulsivos e negativos;
- Cobrança excessiva sobre as próprias ações;
- Fadiga;
- Pensamentos suicidas;
- Falta de interesse em atividades que antes eram suas favoritas;
- Falta de capacidade de encontrar pontos positivos em si mesmo;
- Perda de peso;
- Ganho de peso;
- Compulsão alimentar;
- Mudanças de comportamento.
Não apenas as pessoas que têm depressão podem identificar esses sintomas. Amigos e familiares também poderão ajudar, fazendo com que o afetado possa receber atendimento psicológico e, consequentemente, melhorar o mais rápido possível. Buscar ajuda profissional é extremamente necessário.
A pressão enfrentada pelos atletas
Nem só de Olimpíadas vive um atleta. Todos os anos, dezenas de competições e campeonatos são montados para garantir que o mundo dos esportes tenha um maior reconhecimento. No entanto, além da cobrança enfrentada pelos próprios participantes, ainda há toda a pressão pela conquista de um título ou medalha.
É muito comum que os atletas afirmem que sequer têm tempo de pensar em sua saúde mental, muito embora algumas comissões ofereçam apoio psicológico. Ainda assim, há muitos outros fatores em jogo, como os treinamentos e, também, a expectativa da vitória por parte do público.
As Olimpíadas de Tóquio realizadas no ano de 2021 foram a prova do que a pressão pode fazer com um atleta. Milhões de pessoas depositaram esperanças em determinados candidatos, fazendo com que eles não conseguissem exercer as suas funções de maneira adequada. Isso acontece porque nem todos são perfeitos e não conseguirão cumprir as expectativas do público.
É importante lembrar que, nem sempre, a pressão será saudável. Utilizar as redes sociais para criticar o desempenho ou, simplesmente, destilar ódio não é o melhor caminho para encontrar uma boa solução para os atletas. A paciência e a empatia acabam ajudando bem mais do que esperamos.
Simone Biles
Simone Biles, a candidata preferida para ganhar o ouro dentro da ginástica, acabou desistindo de uma boa parte das modalidades em que estava inscrita. Ainda assim, mesmo enfrentando um lapso durante as Olimpíadas de 2021, a atleta ainda levou uma medalha de bronze para casa, mostrando-se competente em sua área.
No entanto, a atleta comentou que estava se sentindo extremamente pressionada e, ao tentar executar determinados movimentos dentro da competição, acabou passando por um “branco” mental. Isso a prejudicou grandemente na disputa pelo pódio, mas, ainda assim, Simone preferiu priorizar a sua saúde mental a uma medalha.
An Sann
A Coreia do Sul possui uma cultura totalmente diferente da que vemos no Brasil. No entanto, isso não justifica algumas atitudes radicais que a própria população teve com a atiradora An Sann, que também participou das Olimpíadas de Tóquio em 2021. Tudo começou por uma questão muito simples: o seu corte de cabelo.
Milhares de pessoas de seu país mandaram mensagens de ódio, pedindo para que ela devolvesse as medalhas simplesmente porque a atleta decidiu cortar o cabelo acima da orelha. Este é um exemplo de que todo o problema da saúde mental dos atletas pode começar com alguns comentários.
A necessidade de compreensão por parte do público
A verdade é que a questão da saúde mental dentro dos esportes precisa ser mais comentada, ganhar mais espaço na sociedade. Dessa maneira, ficará ainda mais simples combater a problemática, com muito diálogo e, também, a compreensão por parte da população quando alguém representar o seu país em uma determinada competição.
O acolhimento é essencial para que os atletas consigam se enxergar como humanos. Nem sempre será possível trazer a medalha de ouro para casa ou o maior prêmio de um evento, mas, ainda assim, eles irão tentar. Além disso, também é válido ressaltar que essas pessoas passam anos de suas vidas se dedicando, unicamente, aos esportes.